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Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Qui | 12.02.15

Sê Feliz.

Ana Vale

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Não digas nunca.

Não fales como se tudo já soubesses.

Não rias como se telhados de vidros não tivesses.

Não contemples o mar como se não houvesse amanhã.

Não temas o outro, se o seu conteúdo for pouco.

Não sigas no mundo sem ouvir o teu coração.

Não corras até à meta, sem ter a paixão.

Não saltes sem olhar.

Não vale a pena falhar.

Não vale de nada magoar.

Estuda, sorri, consciencializa, fomenta, escuta, corre, apaixona-te, observa, exige, sê feliz.

 

 

 

Ter | 10.02.15

Almofadas de amamentação: Sim ou Não?

Ana Vale

Quando iniciei a minha viagem ao mundo "Ser Mãe", e tendo em conta que estamos a falar de um primeiro filho, abri os meus horizontes para um mundo totalmente novo. Falo de "novo", não só no que toca a toda a experiência física e emocional, mas também material: O que seria necessário ter antes do filho nascer? O que poderia deixar para depois? (Se é que poderia deixar...) Que experiências têm os casais mais próximos com filhos? Será que as suas experiências serão viáveis para nós? Onde procurar informação fiável e não só de teor publicitário?

A verdade é que montes de questões e dúvidas começaram a surgir. Mas não só! Juntamente com as dúvidas, as respostas também, e cedo, o problema que comecei a ter foi: E agora, por que solução hei-de optar? (O mercado oferece-nos tantas...)

Quem é Mãe ou Pai (especialmente de "primeira viagem") de certo que se identificará com estas questões. E como tal, por ter passado por isto em inúmeras situações, e de nem sempre ter uma resposta concreta à minha frente, pretendo desenvolver alguns temas neste âmbito, de forma a poder auxiliar outros pais que se encontram nesta situação.

A um dado momento comecei-me a sentir confusa sobre uma serie de coisas, e com a necessidade de começar a compreender: Mas afinal, no meio de tantas necessidades que o mercado à nossa volta também nos tenta incutir, quais eram os materiais verdadeiramente essenciais? - Perguntei-me (várias vezes). Tenciono falar de vários há medida que o tempo for passando, mas houve um, que logo desde cedo despertou a minha curiosidade: A almofada de amamentação.

 

 

O que é a almofada de amamentação?

 

Consiste numa almofada, com materiais e forma especifica, que surgiu inicialmente para tentar colmatar as posturas erradas que as Mães faziam aquando do momento da amamentação. Essas posturas erradas, dão origem a diversos problemas de saúde (tendinites, lombalgias, contraturas, etc.) que podem conduzir a uma diminuição significativa da qualidade de vida da pessoa, em consequência das limitações motoras e posturais que os respetivos problemas de saúde, trazem.

Contudo, rápido se compreendeu que esta almofada poderia trazer muitos outros benefícios devido à diversidade de funções, para além da especifica, acima referida.

 

 

Que funcionalidades tem a almofada de amamentação?

 

Para além do básico, referido inclusive, no nome, auxiliar posturalmente a mãe aquando do momento da amamentação, esta almofada também permite:

- Auxiliar posturalmente a mãe, enquanto grávida, especialmente no último trimestre de gravidez, seja na melhoria da postura enquanto dorme na cama, ou se senta no sofá, por exemplo;

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- Aconchegar o bebé no nosso colo, em qualquer local ou cadeira, durante a amamentação ou alimentação por biberão, permitindo, por exemplo, que uma mão fique livre para ir fazendo outras tarefas;

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- Envolver o bebé, de forma a protegê-lo de movimentações bruscas e, possíveis, consequentes quedas ou outras lesões, enquanto estiver, por exemplo, num berço de médias ou grandes dimensões, num sofá ou cama, seja para dormir, descansar ou brincar. Esta função estende-se, pelo menos, até o bebé começar a caminhar;

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A forma e tamanho da almofada importam?

 

A forma é sempre a mesma (em forma de "U"). O tamanho é que varia, podendo ser pequena, média ou grande. Confesso que a grande foi a que seleccionei, pois pretendia utilizá-la enquanto grávida também. E para quem quer tirar partido desta função da almofada, convém adquirir a grande. Quem só quer a almofada para facilitar a postura durante o período de alimentação da criança, então, a pequena ou a média serão suficientes.

Como o berço que tenho é de grandes dimensões, então a almofada grande também facilitou na delimitação de espaço no berço, de forma a que o meu bebé se sentisse mais envolvido, e especialmente, estivesse mais protegido.

Pode parecer que não, mas um recém-nascido consegue ser um autêntico "réptil" no que toca à movimentação e muitas vezes dei com o meu bebé no fundo da cama, mesmo com "rolinhos" e outras proteções para evitar que acontecesse. A almofada de amamentação foi a estratégia mais eficaz que encontrei. 

 

Qual o preço da almofada?

 

Fiz uma larga pesquisa neste campo e verifiquei que o preço varia bastante, dependendo especialmente da marca que for. Já cheguei a encontrar almofadas a 80€ e outras, praticamente com a mesma qualidade de materiais a 35€ (preço pelo qual adquiri a minha, em tamanho grande). Existem ainda almofadas a preços mais baixos, mas com material duvidoso (no meu ponto de vista). Isto, pois o interior convém que seja maleável para se ajustar à postura e corpo da pessoa em questão e também do bébé. Desta forma, realizei um excel com as marcas que existem no mercado, tamanhos e preços que poderei enviar a quem estiver interessado. Basta que me contactem através do email: mfem2912@gmail.com.

 

 

Conclusão:

 

No meu ponto de vista, sim! 

A almofada de amamentação é um ótimo meio de auxilio aos pais durante a alimentação do bebé, sendo ainda um ótimo material de apoio na segurança e aconchego do mesmo, até, pelo menos, o mesmo começar a caminhar. Da mesma forma que atua como meio auxiliar da mulher durante a gestação, para facilitar determinadas posições enquanto dorme e/ou descansa.

Contudo, dada a larga janela de preços existentes, e as diversas caracteristicas das almofadas, há que saber bem qual o contexto de cada casal e as respetivas possibilidades de pagamento, tendo em conta, os objetivos de cada um. 

 

 

 

 

 

 

Sex | 06.02.15

Crescer.

Ana Vale

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Crescer é difícil. Crescer é duro.

Pensar que podíamos realizar tudo e de repente, falta-nos o chão. 

Pensar que podíamos correr o mundo, e de repente, falta-nos emoção.

Pensar que podíamos conquistar o universo, e de repente, ocorre o inverso.

E não paramos de pensar. Não paramos para olhar à nossa volta e mesmo quando nada aparenta fazer sentido, nós não ouvimos. Aliás, não nos escutamos. Preferimos correr sem olhar, olhar sem notar, andar sem falar, falar sem pensar, pensar sem focar, tocar sem sentir. Podia continuar a atribuir uma panóplia de verbos à fraca disponibilidade do nosso ser em notar como se move vezes e vezes sem conta sem dar um paço em frente. Mas penso que a mensagem subjacente é nitidamente clara. E o pior? É quando o tempo passa e nós reparamos que nunca parámos para respirar, sentir e reflectir: Será que é por aqui que devo ir? Será que é por aqui que devo continuar? Ou então, que o fizemos tão raramente que percorremos caminhos transversais ou paralelos aqueles que gostaríamos.

Pensar que podíamos ter tempo para tudo.

Pensar que podíamos ter tudo a tempo.

Pensar que podíamos correr a favor do vento e voar. Voar bem alto. 

Mas crescer também é isto. Crescer também é lidar com o imprevisto e ultrapassar as barreiras do desconhecido para atingir linhas inimagináveis dentro e fora do nosso ser. E quando no meio do Crescer, paramos, notamos, falamos, pensamos, focamos e sentimos, a magia acontece, a certeza floresce, o chão reaparece e a emoção transparece. De repente ganhamos uma força interior para correr e a possibilidade de conquista volta a nascer.

Parabéns! Muitas vezes aqui, bem dentro de ti, nasceu um novo ser. 

 

 

 

Ter | 03.02.15

Gente que vê gente.

Ana Vale

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Gente que vê gente, por norma, sabe fazer sorrir.

Gente que vê gente não tem por hábito torturar a mente

de quem se esconde dentro de si.

Gente que vê gente é leve e rema a favor da corrente,

com alma, espírito e físico.

Gente que vê gente sabe que o amargo de um som do presente,

irrita e atraiçoa velozmente a essência da alma de um aprendiz.

Gente que vê gente é força.

Gente que vê gente é um alivio, é esperança, é compaixão.

É tanto luta leve, como união,

numa sociedade onde, claramente,

há pouca gente que vê gente,

e prefere remar contra a corrente

não só, fora e dentro da mente de si próprio,

como de um todo de gente, que perto, ou longe,

sofre claramente, com a insensibilidade da sua matriz.

Seg | 02.02.15

A Essência de uma Vida

Ana Vale

Nasce da garra e da força,

E assim se torna moça.

Num mundo pequeno para ela,

onde qualquer sensação ou pensamento

rapidamente se torna um tormento.

Inicialmente não entende esta complexidade,

pois não é só fruto da mocidade,

mas sim da fraca igualdade que acomete género e sentimento.

 

Oh não! Afinal não é só tormento, também é ignorância alheia,

Que a faz sentir e perceber, o quão duro é viver.

Viver como mulher é duro, mas também é puro. 

É complexo, mas tem sempre nexo,

É difícil, mas não é terrível. Muito pelo contrário.

Há orgulho, amor profundo, paixão e entrega,

não só para si, mas para quem penetre o seu íntimo e pessoal,

numa esfera global que integra personalidade e emoção,

onde há, na generalidade, pouco espaço para a racionalidade.

 

E assim, de Mulher, passa rapidamente para filha,

sendo este, um papel praticamente tangente,

o que torna bastante confusa a sua mente,

na tentativa de compreender:

Mas afinal, que limites e que lugar, tem o meu ser?

 

E numa vida bastante atribulada, 

tenta demonstrar a sua essência,

tão complexa como imaculada,

a quem a rodeia e a atinge (Aquela gente alheia),

mas com pouco sucesso, por fraca maturidade de discurso.

 

Com esta roda de tentativa-erro,

os anos vão passando e o mundo vai girando,

disparando em sentidos perversos.

Perversos e sem acaso, onde o amor acontece,

atingindo profundamente o seu íntimo e a sua mente.

 

Daqui nascem outros dois papéis:

O de Mulher com cara-metade, e mais tarde, o de Mãe,

onde, com toda a verdade, brota um outro amor sem igualdade e sem precedentes.

Não há razão aqui. Só alma e emoção.

E é daqui que nasce a verdadeira paixão de viver e se conhece a razão,

dos atos e verbos praticados,

de quem não compreendia a nossa essência enquanto filha 

e com alguma paciência, nos foi criando,

para hoje chegarmos ao topo da nossa montanha e voltar-mos a repetir,

o que a doutrina da vida nos prescreveu.

 

Pergunto-me: Como será a partir daqui?

Respondo: Não faço a mínima ideia.

Olho para trás e penso: Misteriosa e interessante a essência de uma vida.

 

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Dom | 01.02.15

Babyblues: A nossa história detalhada.

Ana Vale

Estávamos no final no ano, mais precisamente a 31 de Dezembro de 2014.

 

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 Nós, a preparar a saída da maternidade no dia 31 de Dezembro de 2014.

 

Outrora estaria com um grupo de amigos, vestida a rigor para dar as boas vindas ao novo ano que se avizinhava, cheia de esperanças, alegria, risos altos e contagiantes, abraços, amor, tudo a que uma boa festa de final de ano tem direito, como muitas outras que já passei. 

Mas agora não. Agora estava precisamente a abrir a porta de casa às 21h00 após ter passado 2 dias na maternidade. 

Estava tudo ótimo, tudo a correr pelo melhor com a minha filha, comigo e com o meu marido. Tinha acabado de realizar o maior sonho da minha vida: ser mãe!

 

E não é que a miúda era um espetaculo? Gira, fofinha, pacifica, pequenina, adorável, com uns olhos gigantes e umas bochechas que davam vontade de beijar e apertar a toda a hora! Tinha um marido fantástico, que me ajudava em tudo: Cuidava da casa, roupa, estava sempre ao meu lado, sendo um excelente amigo e ainda melhor amante. Uns pais e sogros 100% presentes e prontos para me ajudarem no que fosse necessário. Poucos amigos, mas bons! Presentes e verdadeiros!

Penso que... tudo aquilo que alguém poderia querer. Certo? Pois, mas mal sabia eu o que me esperava.

 

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Nós, no nosso 2º dia em casa.

 

Cerca de 30 minutos após a chegada, começo a sentir o cansaço a pesar inerente às alterações das novas rotinas, e tudo o que poderia envolver as sensações físicas de um pós-parto e sento-me para descansar um pouco no cadeirão super confortável que comprei para colocar em frente à cama da nossa filha.

 

De repente, paro, escuto e olho à minha volta. Começo a sentir-me estranha, é complicado explicar a sensação. Não é mal disposta. É mais, triste, angustiada, parece que de repente se injeta em mim uma hiper-consciencialização das características desta minha nova fase de vida, e se começa a abrir uma cratera na zona mais profunda do meu ser. E pior, parecia que já ali estava à muito tempo, bem tapadinha, por uma película muito fina, mas resistente. Não consigo perceber porque é que esse buraco se começa a abrir logo ali, naquele momento em que eu estava só comigo e com a minha filha, no ninho que fui criando para ela ao longo dos últimos meses. 

Não consigo perceber, é certo! E rápido se desenvolve um turbilhão de emoções que começam a girar à minha volta, que surgem e urgem de expressão, pelo que, desato a chorar compulsivamente. Enquanto choro sem conseguir parar, fecho a porta e rezo para que ninguém me veja naquele estado. Só conseguia pensar: "Mas o que é que se passa comigo? Deveria estar tão feliz com tudo o que me está acontecer de bom, e só consigo chorar? Porquê? O que se passa?"

 

Deixo a minha filha na cama, bem quentinha, e corro para o quarto onde estava o meu marido. Só me apetecia abraça-lo e ao mesmo tempo falar-lhe mal. Estou confusa e definitivamente, desorientada quanto ao meu âmago.

Engraçado como ele se lembrou logo do que um amigo nosso lhe tinha falado sobre um possível "estado normal" de marcadas e repentinas alternâncias de estados de humor após o parto.

Naquele momento, eu não queria acreditar que era isso que me estava acontecer. Confesso até, que tive ali alguns momentos de negação, mas após uma longa conversa com meu marido, e muita compreensão da sua parte, lá me olhei, inteirei e passou.

 

Mas não deitem já foguetes! Foi mesmo só superficialmente. No fundo, eu continuava a sentir aquela cratera que vos falei. E pior do que tudo, não se ficou por aqui. Piorou com o tempo, tornou-se bastante frequente no espaço de um mês e contagiou as minhas emoções, pensamentos e intenções em relação a mim e à minha família mais próxima.

 

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Nós, na nossa primeira semana em casa.

 

Só me queria isolar, chorava de repente e compulsivamente mal alguém verbalizava alguma coisa que não me caísse tão bem (às vezes sobre assuntos mais complicados, mas outras vezes, sobre assuntos que pouca importância teria dado se estivesse tranquila), com nítidas alternâncias rápidas e intensas de humor.

Para além disso, fazia-me imensa confusão que as pessoas viessem ver-me a mim e à minha filha e a quisessem pegar ao colo. Achava que todos eram chatos, inconvenientes, e sentia que precisava de tempo para mim e para ela (no fundo, para nos conhecermos melhor uma à outra) e que ninguém o respeitava. Sentia que ninguém compreendia este tempo e que todas as pessoas só ligavam às suas mais profundas necessidades de verem um bebé, beija-lo, pega-lo ao colo e não aquilo que realmente interessava: o descanso do bebé e o meu descanso. E pior do que tudo, irritava-me constantemente comigo por sentir que não estava a ser capaz de transmitir às pessoas que nos visitavam a minha vontade e a da minha filha, por provavelmente ser um comentário que "pareceria mal" aos olhos dos mesmos.

 

No final, descarregava as minhas frustrações, medos e irritações, em mim, e no meu marido. Como devem calcular, isto fomentou tudo, menos um bom ambiente conjugal, ainda por cima, numa fase tão delicada, recente e inexperiente, como o primeiro mês da vida de um novo ser, cá em casa e nas nossas vidas. Nas nossas novas vidas.

 

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 O pai, numa das tarefas que mais gosta: Dar banho à filha.

 

Perante esta situação, e embora não fosse a minha maior vontade, obriguei-me a falar com duas amigas que já tinham sido mães e apercebi-me que isto era comum. Obriguei-me a falar com a minha mãe, e apercebi-me que isto era comum. Quando me senti melhor, falei com outras mulheres, e percebi que isto era muito comum. Fiz várias pesquisas na internet, e apercebi-me que era um problema comum, mas onde me pareceu haver logo à partida pouco investimento. Comecei desde logo a sentir alguma revolta e a pensar concomitantemente: "Porque é que, se este é um problema tão comum, ninguém me falou sobre isto? Mas será que só o aparecimento de incontinência, hemorróidas, dificuldades a nível sexual, alopecia, cáries, privação de sono, entre outros, é que interessam clinicamente e merecem ser dados a conhecer às mulheres e respetivas famílias no pós-parto? Mas será que ninguém compreende como é que isto pode afetar a vida de uma pessoa, pessoal e coletivamente?" 

 

Cheguei até a comentar a situação que vos descrevo com a minha médica na consulta de revisão pós-parto e a mesma deu muito pouca importância ao assunto, chegando até a desvalorizar a tristeza que referi que havia sentido com muita frequência ao longo das últimas semanas (embora queira mencionar, e também sublinhar, que apesar deste facto, me acompanhou de uma forma extremamente profissional e competente na minha opinião, do inicio ao fim da minha gestação).

 

E assim, há medida que o tempo passava a situação ainda me revoltava mais. Aliás, o baby blues ou blues pós-parto passou, de repente, de um dia para o outro (o que foi estranho também, mas pelo que me informei, natural) e a marca de tudo o que senti tão interna e profundamente, a forma como isso me transformou e me deslocou, a forma como me arranhou e sangrou durante o meu primeiro mês de maternidade, quando eu pensava (erradamente) que era tudo, ou praticamente tudo, um momento pintado de cores claras e suaves, continuou a matutar na minha cabeça.

E sabem o que é que matutava mais? Pensar que felizmente, tive sempre o apoio dos que me amam, que tive sempre um marido com quem pude desabar e me apoiou sempre em todos os momentos menos bons que passei. Que tive sempre uns pais que compreenderam os meus tons mais arrogantes e amargos, uma irmã que compreendeu sempre os meus sinais de chamada de atenção e amigos que souberam respeitar a minha forma de ver e sentir o meu espaço e manter o seu ombro, sempre lá para mim. E mesmo assim, só pensava: E as mulheres que não têm nada disto? E aquelas que sofrem em silêncio, por terem, até, vergonha de falar sobre isto? E aquelas, que como eu, não sabem da importância disto? E aquelas que não têm ninguém para desabafar? Ninguém em quem se apoiar? Com que marcas ficam? Será que as suas feridas cicatrizam e param de sangrar? Que marcas isto pode deixar?

 

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 É preciso legenda? Esta imagem descreve um dos alicerces do meu ponto de viragem nesta situação.

 

E desta forma, senti que criar algo que pudesse ajudar outras pessoas, que tal como eu, também passaram e/ou passam por situações semelhantes, poderia ser um ótimo ponto de partida para promover algum tipo de apoio. Falo especificamente de apoio informativo de cariz informal, mas baseado em informação fidedigna: a informação de quem vivenciou/vivência este tipo de situação, e informação de autores que estudam e trabalham este tipo de temáticas.

Daí ter chegado à conclusão que realizar um blog que publicasse e trabalhasse temas inerentes à Saúde Mental Perinatal, fosse uma dessas forma de apoio para quem nos lê. 

 

No final, e para não me alongar muito mais, só há três empirismos que gostava de dos passar e que tomo, praticamente como certos, dada a minha experiência pessoal:

 

- Primeiro: chorar, quando supostamente se deve só sorrir aos olhos de quem nos rodeia (falo do inicio do período pós-parto), é normal. É NORMAL. Chorar compulsivamente durante meses, é que já não é normal e pode ser já um sinal que nos deve levar a uma ajuda mais especializada (Psicólogo e/ou Psiquiatra).

 

- Segundo: assumir o que alimenta as nossas tristezas e desabar com alguém, é o primeiro passo para a libertação desse mesmo estado. Este, quer se mantenha por muito ou pouco tempo, poderá passar só por ser uma "simples" fase da vida de uma mulher, se formos capazes de desabafar, em vez de se estender a um problema de maiores proporções, se acabarmos por guardar tudo só para nós.

 

- Terceiro: para além de nós, o nosso maior aliado tem, definitivamente de ser a pessoa com quem partilhamos a cama, a escova de dentes, o prato, o roupeiro, enfim, o espaço mais íntimo, pois é aí, nesse mesmo espaço, que todas estas sensações e emoções se situam, desenvolvem, e tomam rédeas à nossa emoção, pensamento e ação, se não estivermos atentas e bem informadas, e previa e/ou posteriormente, minimamente preparadas.

 

 

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"No final" de tudo isto, é nítido o que evidencia o nosso olhar, não é?

Dom | 01.02.15

Ana Vale - Autora do Blogue

Ana Vale

 

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Licenciada em Enfermagem desde 2011, realizei uma boa parte do meu percurso no âmbito da prestação de cuidados de enfermagem gerais na área do adulto e do idoso, tendo sido a passagem por uma experiência desenvolvimental, com profundo significado na minha vida, que me trouxe até aqui. Fui mãe em 2014, e com a chegada da minha bebé, chegou também um vasto leque de reflexões, pesquisas e estudos, que até então nunca tinham emergido como tão relevantes, relacionados com a saúde mental perinatal.

 

Neste seguimento, criei o blogue "Mulher, Filha & Mãe" com o intuito de sensibilizar para a saúde mental perinatal e promover o debate sobre o tema sem tabus. Com a desenvoltura e mediatização do espaço veio também a necessidade de adquirir mais conhecimentos e competências, motivo pelo qual realizei a Especialidade e Mestrado de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica, tendo também iniciado o meu caminho na esfera do empreendedorismo social. Um percurso que em muito me ajudou a desenvolver as competências necessárias para lidar com os vários pedidos de ajuda que frequentemente me chegam através do blogue.

 

Paralelamente à realização da especialidade e mestrado, dediquei-me ao desenvolvimento do Projeto Mulher, Filha & Mãe – um projeto que pretendia, inicialmente, sensibilizar para a área de saúde mental perinatal através da escrita, da formação presencial e dos grupos de mães - através do qual recebi dois prémios, e motivo pelo qual, estive presente em vários encontros de cariz científico, como poderão consultar aqui

 

Em 2017, fui uma das sócias-fundadoras da UMBILICAL - Associação Pela Promoção do Bem-estar Emocional na Gravidez e Pós-Parto, e fundei o Centro Mulher, Filha e Mãe em Lisboa, um espaço de apoio à maternidade, acompanhamento individual e em grupo, de mulheres e famílias com alterações emocionais na gravidez e pós-parto. O espaço do centro teve de ser encerrado, mas o trabalho continuou em parceria com vários locais! 

 

Atualmente, entre outras ocupações, acompanho mulheres e famílias com alterações emocionais na gravidez e pós-parto, e trabalho em parceria com estruturas locais para sensibilizar para a área da saúde mental perinatal.

 

Queres saber no que consiste, atualmente, o Projeto Mulher, Filha e Mãe?

Sabe mais, aqui

 

Para agendar Consulta de Enfermagem em Saúde Mental Perinatal:

mulherfilhamae@gmail.com

(+351) 92 682 82 02

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