Vários são os momentos em que utilizo este conceito nos meus textos. E sabendo que poderão não estar familiarizados com o mesmo, opto por realizar um texto alusivo ao conceito de saúde mental perinatal. Já tinhas ouvido falar?
A Saúde Mental Perinatal caracteriza-se pela saúde mental da mulher desde a conceção até ao primeiro ano após o parto, e desta forma, engloba qualquer temática que integre este período e que esteja relacionado com a saúde mental. (1)
Por sua vez, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a saúde mental caracteriza-se como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribui para a comunidade em que se insere“.
Nesta definição, a “saúde mental” é entendida como um aspeto relacionado ao bem-estar, à qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Com esta perspetiva positiva, a OMS convida-nos a refletir sobre a saúde mental muito para além das doenças e das deficiências mentais.
Dentro da área da saúde mental perinatal podemos falar em inúmeros aspetos relacionados com a promoção da saúde, a prevenção das doenças, sobre as doenças que se podem desenvolver no período perinatal, sobre o seu tratamento e sobre a reabilitação das pessoas que desenvolvem as respetivas doenças, seja de que âmbito for.
É por isso que também muito valorizo os testemunhos que me enviam sobre o tema.
Permitem-me, e a quem nos lê, compreender de uma forma mais ampla como é que cada pessoa, e respetiva família, vivencia as problemáticas que a afetam, como se sente e que tipo de estratégias utiliza para ultrapassar o presente momento, podendo partilhá-los de forma a que mais pessoas possam ter acesso a um tipo de vivências que, hoje em dia, ainda são muito pouco abordadas.
Da minha perceção, quando se fala em Saúde Mental Perinatal, rápido se pensa em depressão pós-parto, mas quando se fala em saúde mental perinatal fala-se em muito mais do que a depressão pós-parto. Falar sobre depressão pós-parto acomete-nos para o foco na doença. E como abordei anteriormente, falar sobre saúde mental perinatal, é muito mais do que falar sobre o desenvolvimento da doença. Dentro do foco doença, também podemos falar de blues pós-parto, de psicose pós-parto, de ansiedade pós-parto, de depressão na gravidez, de fobias na gravidez e no pós-parto, de problemas na relação mãe-bebé, problemas de sono específicos neste período, de stress pós-traumático na gravidez e no pós-parto, de sintomas específicos deste período, entre outros. E fora do último foco, podemos falar sobre inúmeros desafios que a transição para a maternidade/paternidade coloca às famílias, sem haver desenvolvimento de doença, mas sim de determinados desequilíbrios emocionais, por exemplo. Podemos falar também de algumas formas de prevenção do aparecimento de doença, e quando a mesma aparece/se desenvolve, de como podemos, por exemplo, minimizar os danos na qualidade de vida da pessoa que da mesma padece. Podemos falar dos desafios da amamentação, do parto, da relação conjugal, do apoio social, da reabilitação psicossocial, das diferentes fases pelas quais a mulher/família passa/m no primeiro ano após o parto, e tantos outros.
A saúde mental perinatal integra uma esfera de conteúdos sobre uma série de aspetos e problemáticas que confrontam a mulher e respetiva família num período de grande transição e expectativa paralelo a uma série de equilíbrios e desequilíbrios que daí possam surgir.
É essa esfera de conteúdos, que neste espaço, pretendo evidenciar!
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