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Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Sab | 29.10.16

Sobre saúde mental na gravidez e no pós-parto #9

Ana Vale

 

O que diferencia a Perturbação da Ansiedade Generalizada (PAG) da preocupação normal são, sobretudo, os aspetos quantitativos, isto é,  a quantidade de tempo e os recursos psicológicos consumidos em preocupação e na tentativa do controlo da mesma. Adicionalmente, mulheres com PAG têm demonstrado utilização excessiva dos recursos  de saúde, menor qualidade de vida e maior disfunção conjugal

 

 

Macedo, A.F. & Pereira, A. T. (Coords) (2014). Saúde Mental Perinatal: Maternidade nem sempre rima com felicidade. Lousã: Lidel.

Qui | 27.10.16

"Tive uma Depressão Pós-Parto...há 50 anos atrás."

Ana Vale

Não sei porque é que nunca vos contei esta história, mas hoje, é o dia! 

 

Há cerca de ano e meio, após ter participado numa reportagem para o Jornal da SIC (podem revê-la aqui), uma senhora, provavelmente com os seus 70 anos (pensava eu), entrou em contacto comigo. 

 

 

Estava num restaurante a almoçar com a minha filha e com o meu marido, quando a Madalena começa a ficar irrequieta, e eu saio com ela para fora do restaurante. Atrás de mim vem uma senhora, aparentemente "velhinha", já de bengala, e com um aspeto bastante cuidado. Já fixava o olhar em nós há algum tempo, mas a verdade é que quando temos bebés, todas as pessoas se metem connosco, especialmente com o bebé. Pensei naquele momento que era disso que se tratava.

 

Quando saímos as três do restaurante, praticamente ao mesmo tempo, a "senhora velhinha" manteve-se perto de nós na rua. Parecia que queria dizer-me alguma coisa mas não sabia como. Eu confesso que já estava a ficar um pouco incomodada e prestes a questioná-la. De repente, sai o respetivo marido do restaurante e vai na sua direção, dizendo-lhe que já se podiam ir embora porque já havia pago a conta, mas ela pede-lhe mais um pouco referindo que precisava de "ter a certeza" de que era eu. 

Aí, confesso que fiquei muito intrigada - provavelmente até um pouco corada - viro-me para a senhora e vejo que vem na minha direção. Fico eu e a Madalena a olhar para ela. Passaram-me algumas coisas pela cabeça naquele momento, mas nada do que me passou pela cabeça era o que efetivamente a fazia vir ter comigo. No entanto, as palavras dela ficaram-me registadas na memória, e hoje, partilho-as convosco: 

 

- Peço desculpa, mas tenho mesmo de lhe perguntar, foi a senhora que participou ontem numa reportagem sobre a depressão pós-parto? - diz-me a senhora "velhinha". 

 

- Hum... sim, participei numa reportagem para o jornal da noite. Mas porquê? - digo eu, assim meia "encavacada". A verdade é que nunca tinha sido abordada desta forma.

 

- Eu nem acredito que a encontro hoje! Eu nem acredito! - Diz a "senhora velhinha" com um ar entusiasmado. 

 

- Filho, é ela! Eu vou dizer-lhe, eu tenho de lhe dizer. - Diz a senhora para o esposo, que se encontrava a seu lado, assim "meio desconfortável" com a situação. 

 

- Peço desculpa, mas não estou a compreender. O que tem para me dizer? - digo eu, cada vez mais intrigada com a situação/assunto.

 

- Chama-se Ana, certo? - diz a "senhora velhinha".

 

- Sim. - afirmo.

 

- Ana, o meu nome é Olga. Tenho quase 80 anos, e tive uma depressão pós-parto há mais de 50 anos atrás. Foi "diagnosticada", mais do que uma vez, mas naquela época estas situações ficavam retidas na família como deve calcular. Hoje, quando olho para trás, há coisas que prefiro nem lembrar.

 

 

- Há 50 anos atrás?! - Questiono, surpreendida, pois não estava nada a espera que a senhora fosse partilhar a sua experiência pessoal sobre o tema, comigo.

 

- Mas sabe, não fui só eu. Praticamente todas as mulheres da minha família tiveram uma depressão pós-parto. A minha mãe, as minhas tias, duas das minhas três irmãs e... a minha filha. Ela nunca quis assumir. Eu bem tentei ajudá-la como podia... mas... o pior aconteceu. - Referiu com um tom de voz cada vez mais tremido. Parecia mesmo que ia chorar. 

 

- Oh filha, deixa lá a senhora. Tem de ir com a bebé para dentro... não tem tempo para estar a ouvir histórias de velhos como nós - referiu o esposo, com um ar triste e envergonhado relativamente à situação. Parecia-me que queria falar sobre o assunto, mas ao mesmo tempo, queria distanciar-se do que estava a sentir.

 

- Não se preocupe. Confesso que não estava à espera do que me estavam a dizer, mas estou muito interessada na vossa história. Acredito que um problema como a depressão pós-parto já exista desde que as mulheres têm filhos: Há séculos! E também por isto não compreendo porque é que as respostas públicas neste âmbito estão tão subdesenvolvidas. Mas diga-me, estava a falar da sua filha... 

 

- Sim. A minha filha suicidou-se depois da primeira filha nascer. Foram tempos terríveis. Mas hoje já passou... agora os problemas são outros. Enfim, gostava de lhe agradecer por dar a cara por este problema. Eu gostava de ter feito o mesmo há muitos anos atrás. Vá em frente. Fale por todas nós, pois eu sei, eu sei que somos muitas mais do que se sabe. Já viu o meu exemplo? Imagina quantos é que poderão haver por aí? E muito obrigada pela entrevista de ontem. Foi muito bom para mim saber que jovens como a Ana lutam por este tipo de problemas.

 

 

Confesso que a partir daqui, várias foram as sensações que me percorreram. A sensação de que "já valeu a pena" ter tornado o meu caso público, mesmo após tantas dúvidas e problemas que eram levantados, por mim, sobre o tema. A sensação de que o que havia começado a fazer dentro da área não estava a ser em vão. A sensação de que ainda havia tanto para fazer. A sensação de força, de paz, de compaixão. A sensação de tristeza pelo pedaço de história partilhado por esta senhora. A sensação de que queria fazer cada vez mais. Ir cada vez mais além dentro desta problemática. A sensação de que tinha, efetivamente, de aproveitar este momento para difundir cada vez mais o tema. A sensação de que não queria "desiludir" esta mulher e todas as outras que se tinham identificado. A sensação de que aquele momento, era só o começo de um longo, longo caminho a percorrer. 

 

O discurso da D. Olga teve um grande impacto em mim. As palavras que proferiu. O olhar, a emoção com que falou, a alegria por poder partilhar pessoalmente este problema comigo. Nunca mais me hei-de esquecer daquele momento. 

Se a vir na rua, tenho a certeza de que a reconheço .Não hei-de esquecer-me mais da sua expressão. 

 

Também eu vou tendo cada vez mais certezas quanto ao facto de que existem muitas "D.Olga" por aí. E a prova atual disso, são a quantidade de mulheres e respetivas famílias que já partilharam a sua vivência relativa ao baby blues e depressão pós-parto na rubrica Histórias que dão a cara por esta causa

 

Partilhem também a vossa! Vamos dar formas, caras, corpos e almas a este problema que afeta tantas mulheres e respetivas famílias a cada ano que passa. 

 

Enviem-me as vossas histórias para:

centro@mulherfilhaemae.pt

 

Ter | 25.10.16

Vou participar neste curso pré e pós-parto! Quem está interessada(o)?

Ana Vale

Na sequência do desenvolvimento do Projeto Mulher, Filha & Mãe em parceria com o Centro de Desenvolvimento Infantil Passo a Passo, irei participar no curso pré e pós-parto que os mesmos estão a desenvolver e a promover, abordando a temática da saúde mental na gravidez e no pós-parto

 

O Centro de Desenvolvimento Infantil Passo a Passo quer apostar de forma crescente na área da saúde da mulher e da grávida, e eu estarei presente, desenvolvendo diversas temáticas relativas à saúde mental na gravidez e no pós-parto, dentro e fora do curso.

 

CPPN.png

 

 

Podem inscrever-se, através dos seguintes contactos:

217 524 155 | 968 746 266

geral@passoapasso.pt

 

 

Conto convosco?

Seg | 24.10.16

Documentário sobre Depressão Pós-Parto׃ Dark Side of the Full Moon

Ana Vale

Já viram ou ouviram falar? 

 

 

Descobri um pedaço do documentário há pouco tempo, e resolvi adaptá-lo para português. 

 

Um documentário que retrata de uma forma bastante clara, real e objetiva o que é a depressão pós-parto, o sofrimento que causa nas mulheres e respetivas famílias, quais as respostas que encontraram nos seus locais de residência, a opinião de vários profissionais de saúde e algumas das suas expectativas e trabalho realizado em prol da saúde mental na gravidez e no pós-parto. 

 

Logo no inicio, está descrito no vídeo que:

"Dar à luz é suposto ser uma das épocas mais felizes da nossa vida. Mas e se não for, e se ninguém estiver a ajudar?"

 

E eu pergunto:

Quantos de vós é que se identificam com esta questão?

 

Vejam e partilhem! 

centro@mulherfilhaemae.pt

Sex | 21.10.16

Uma mensagem positiva para quem está a passar por uma depressão pós-parto.

Ana Vale

Foi uma leitora do blogue, que quando entrou em contacto comigo, terminou o seu email com esta mensagem.

Achei que poderia ser benéfico partilhá-la convosco. Se houver alguém por aí a lutar contra a depressão pós-parto, leia e (re)leia esta mensagem. E acima de tudo, lembre-se, de que não está sozinha. Força! *

 

centro@mulherfilhaemae.pt

 

 

"Pedi ajuda. Agora, um ano e meio depois de o fazer, ainda tomo medicação.

Sou acompanhada nas valências indicadas para o efeito.
Já tentei deixar a medicação por duas vezes, duas tentativas falhadas.
Tenho a minha filha comigo. Mantenho uma boa relação com o pai dela, apesar de tudo consigo isso. E luto com todas as minhas forças pelos seus direitos. O direito de ter mãe e pai. De crescer saudável e ser uma criança feliz.
Mas continua a ser difícil ultrapassar esta coisa. Tenho dias, tenho fases e tenho momentos.
Por vezes nem sei o que me faz manter-me à tona. Onde vou buscar forças. 
Mas Vou conseguir! Vou conseguir!
 
Obrigada por estar desse lado e pelo seu blog."
Qui | 20.10.16

"Uma Depressão Pós-Parto é sinónimo de uma grande tristeza no pós-parto.": Será?

Ana Vale

Eis a segunda afirmação do questionário "O que é que sabe sobre Depressão Pós-Parto". 

 

Já escrevi sobre o tema, mas muito pouco. Provavelmente terei de escrever mais, pois aqui está uma questão que claramente dividiu os que participaram no questionário. Algo que podem observar na imagem seguinte:

 

2A afirmação questionário blog.png

 

Através do seguinte link podem ter acesso ao texto que já escrevi sobre o tema e que justifica o quão falsa é esta afirmação. 

 

http://mulherfilhamae.blogs.sapo.pt/depressao-pos-parto-nao-e-sinonimo-de-35960

 

 

Mesmo assim têm alguma questão sobre o tema? Não hesitem em contactar-me. 

blog@mulherfilhamae.pt

Qua | 19.10.16

"Ter um Baby Blues e uma Depressão Pós-Parto é a mesma coisa": Será?

Ana Vale

Eis a primeira afirmação do questionário "O que é que sabe sobre Depressão Pós-Parto". 

 

Vários foram os momentos em que escrevi e falei sobre o tema. 

Através dos seguintes links podem ter acesso aos textos que já escrevi sobre o tema e que justifica o quão falsa é esta afirmação. 

 

Babyblues: Querem saber um pouco mais?

 

Baby Blues e Depressão Pós-Parto: Duas realidades (muito) diferentes!

 

Baby blues e Depressão Pós-Parto: Serão a mesma coisa?

 

 

Também em entrevista com a Dra. Ana Telma Pereira, a mesma esclareceu-nos quanto à respetiva temática, tal como podem relembrar-se neste link.

 

Através da imagem seguinte conseguem visualizar melhor que, aquando das respostas ao questionário, ainda houveram algumas dúvidas quanto ao tema. Algo a ser trabalhado no Projeto Mulher, Filha & Mãe.

 

1A afirmação questionário blog.png

 

Ter | 18.10.16

"Sim, tive uma depressão pós-parto e ninguém se apercebeu"

Ana Vale

Há poucos dias uma leitora do blogue entrou em contacto comigo. 

Acabou por expor a sua vivência relativa a um pós-parto menos positivo, e no meio da sua reflexão, acabou também por referir algumas questões que, por serem tão frequentes, e ao mesmo tempo por causarem tanta dor, decidi partilhar com a sua autorização. Esta, foi uma delas.

 

O inicio do seu email foi assim:

"Sim, tive uma depressão pós-parto e ninguém se apercebeu. Médicos, enfermeiras, família, amigas (poucas). E principalmente o meu companheiro."

 

E a verdade é que não foi só o inicio deste email que começou assim. O inicio da história de muitas mulheres que desenvolvem uma depressão pós-parto, começa assim. 

 

a-mother-with-postpartum-depression.jpg

 

Rápido a doença se desenvolve e ganha espaço no âmago da mulher, aos olhos do companheiro, perante a família, e por vezes, entre a mulher e o bebé. 

 

Vários são os sinais e sintomas que podem ser sentidos pela mulher e observados por terceiros. Muitos deles já desenvolvi neste e neste texto, por exemplo.

Várias são as estratégias que a família e amigos podem adotar para ajudar a mulher/casal, tal como já referi neste texto e já identifiquei neste vídeo.  

 

Se mesmo assim, algum de vocês identifica uma possibilidade da mulher estar a desenvolver uma depressão pós-parto, não hesitem em pedir ajuda! 

Várias foram as pessoas que já pediram ajuda, várias foram as pessoas que já a obtiveram e várias foram as pessoas que já se trataram. A depressão pós-parto é uma doença, que tem tratamento e precisa de ser encarada como tal!

 

Peçam ajuda! Pedir ajuda não faz de vocês a família que falhou. 

 

#eupediajuda

centro@mulherfilhaemae.pt

Seg | 17.10.16

Sobre o questionário: 'O que é que sabe sobre Depressão pós-Parto?'

Ana Vale

Nos últimos dias esteve aberto no blogue um questionário que continha dez afirmações sobre Depressão pós-parto. 

O objetivo era compreender o que é que era do conhecimento geral sobre o tema. 

 

página do questionário.png

 

Para responderem ao questionário era obrigatório colocarem o vosso email por dois motivos:

1. Todas as pessoas que responderam receberam um email com as respostas corretas do questionário e respetiva justificação, assim como os dados globais obtidos que irei apresentar nos próximos dias de forma repartida.

2. É uma forma de comprovar que de facto responderam pessoas diferentes ao questionário e não fui por exemplo eu e "mais uns quantos amigos" que respondemos de forma repetida ao mesmo, o que inviabilizava o seu objetivo principal. 

 

Ao todo, entre 13/10 e 16/10, responderam ao questionário 127 pessoas e confesso-vos que fiquei positivamente surpreendida com os resultados. De qualquer forma foi claro que existem alguns temas que merecem mais atenção da minha parte quanto ao seu desenvolvimento no Projeto Mulher, Filha & Mãe. Algo que também foi possível comprovar através das vossas respostas. 

 

Para mim, o mais importante não foi quem é que respondeu certo ou errado em determinadas questões. O que importa compreender é que existem questões que carecem de maior aposta em termos de sensibilização, e não só. E isso também é possível porque vocês ajudaram! 

 

Nos próximos dias o objetivo será publicar os resultados globais do questionário para todos poderem ter conhecimento sobre os mesmos.

 

Curiosos? 

Sab | 15.10.16

Sobre saúde mental na gravidez e no pós-parto #8

Ana Vale

As características da relação da díade mãe/filho, no primeiro ano de vida, vão ter grande importância no desenvolvimento futuro da criança: personalidade, auto-estima, confiança em si próprio, relacionamento interpessoal, capacidade de adaptação a situações novas. Concretamente, a atividade clínica tem fornecido exemplos significativos de como a qualidade da relação mãe/filho influencia as futuras relações interpessoais.

 

P115086444455.JPG

 

 Monteiro, M. & Santos, M. (1995). Psicologia 2ª parte. Porto: Porto Editora.

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