À conversa com a Ana #10 - "A Depressão Pós-Parto colocou tudo em perspectiva e agora sinto que saio sempre a ganhar".
A semana passada a minha filha fez 2 anos. Quanto caminho foi percorrido durante este tempo! O que começou de forma dolorosa e sofrida transformou-se numa relação de um amor puro, único e incondicional.
No início da nossa relação predominava o medo, a irritação, a tristeza e a incapacidade de aceitação. Estas emoções foram sendo trabalhadas, sobretudo através do Shiatsu e da psicoterapia e, ao longo dos meses que se foram seguindo, elas foram diminuindo a sua intensidade e frequência. Fui ganhando consciência dessas emoções e do que significavam, e fui ganhando também ferramentas para lidar com elas. E à medida que diminuíam, aumentava a minha capacidade de aceitação, a tolerância e paciência, a alegria. Hoje sou completamente apaixonada pela minha filha.
A DPP colocou tudo em perspetiva e, agora, sinto que “saio sempre a ganhar”: o pior dia/momento de hoje não é nada face ao que foi vivido nos 2 primeiros meses. Acho que, por isso, acabo por saborear imensamente o meu papel de mãe e, na verdade, a vida no geral. Como eu digo, por vezes, “a maternidade agora é como andar num carrossel”.
Nestes últimos 2 anos tanta coisa mudou, para melhor, na minha vida. Não só a minha relação com a C., como também a relação com o meu marido, com a família e, sobretudo, a minha forma de pensar, estar e sentir.
O que desejo a todas as mães (e as suas famílias) que estejam a passar por semelhante, é que encontrem as ajudas certas para vocês, para que consigam enfrentar o problema e usufruir dos vossos filhos, e da vossa vida, de uma forma plena e apaixonada.
E já agora eu sou a Ana, esta Ana. Achei que era altura de mostrar quem sou, para que às minhas palavras possam juntar a minha cara. Para que o tabu, a vergonha, o medo possam, de alguma forma, dar lugar à compreensão, à aceitação e ao diálogo aberto sobre o baby blues, a depressão pré e pós parto, a perturbação de ansiedade ou a psicose.