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Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

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Sex | 04.08.17

Á conversa com a Ana #9 - "Após a redução da medicação... corpo, mente e coração tranquilos"

Ana Vale

Em Abril passado fui a mais uma consulta com a psiquiatra e concordamos em reduzir a dosagem do comprimido que tomo todos os dias religiosamente. A médica avisou-me de que, dentro de 2 meses, poderiam manifestar-se sintomas semelhantes aos que senti no início da depressão, bem antes do começo do tratamento. Ou seja, insónias, cansaço extremo, irritabilidade, descontrolo emocional, fome emocional, só para falar dos mais evidentes.

 

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Em Agosto passado quando deixei de tomar um dos comprimidos, passei duas semanas em plena ressaca. Foi horrível, mas passou. O corpo reajustou-se, encontrou um novo equilíbrio. Por isso, desta vez, não me preocupei. O que vier virá, pensei eu.

 

E, dois meses depois, a ressaca chegou. Um dia estou bem, para no dia a seguir, e durante uma semana, o corpo viver sob uma tensão física e emocional enorme. Parece que o corpo está no limite. Dores de cabeça, náuseas, dores musculares, variações muito grandes no apetite, sono mais leve, com muitos sonhos, intensos, acordando com a sensação de que não descansei o devido, facilidade em comover-me, ficar sentida e com a lágrima do canto do olho e uma sensação constante de cansaço e falta de energia. Estive em modo de sobrevivência, conseguindo apenas fazer o mínimo, o essencial, o indispensável.

 

Conseguia apenas ir trabalhar, cuidar da C., jantar e atirar-me para cima da cama. E já isto foi feito com muito esforço. Sentia que só me apetecia ficar encolhida na cama. Cada ação que realizava parecia que consumia todas as minhas energias. O que me ajudou foi saber que iria passar. Que era apenas o corpo em privação e que, daí a algum tempo, ele iria encontrar uma nova normalidade.

 

Agarrava-me a esse pensamento sempre que sentia que estava no limite, sempre que me sentia miserável, com todo o meu corpo a reagir violentamente à redução.

 

Houve um dia, o mais duro, em que a tensão atingiu o limite máximo. Nesse dia nem sequer consegui cuidar da C. Às 18h00 fui para a cama, exausta, nauseada, a tremer. Encolhi-me e ali fiquei. Pensei que iria passar, para aguentar só mais um bocadinho.

Nessa noite dormimos todos mal, incluindo a C. No dia seguinte acordei, sentia-me cansada por ter dormido mal, mas a tensão que o meu corpo vinha a sentir desapareceu. Já não sentia mais nada. A tempestade foi-se formando durante dias, atingiu o ponto máximo para, de seguida, desaparecer. Nesse dia deitei-me cedo, logo a seguir à C. E no outro dia estava tudo bem, tudo normal. O corpo, uma vez mais, encontrou um novo equilíbrio. Corpo, mente e coração tranquilos.

 

Caramba, a medicação mexe com o corpo cá de uma maneira! E eu, sempre tão avessa a medicamentos, há quase dois anos que eles fazem parte de mim. Quando iniciei o tratamento tomava 3 medicamentos diferentes. Hoje tomo 1 e, mesmo este, já é em menor dosagem. Durante esta redução progressiva da medicação, e os sintomas de privação, o meu amparo tem sido a minha querida psicóloga e a minha terapeuta de Shiatsu. A minha gratidão para as duas!

 

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