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Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Qui | 01.10.15

A criança não é só dos pais.

Ana Vale

Temos um grande amigo com quem adoramos estar e conversar sobre tudo. Vida, filhos, tristezas, conquistas, filosofias, experiências, objetivos, dúvidas, etc. 

Pelo que conta, que desde cedo caminhou cheio de vida, e hoje, tem uma vida cheia de experiências para partilhar. 

De 1980 a 2011 que exerceu Psicologia Clínica na vertente Transpessoal, contando já com várias formações na vertente Perinatal, pelo que, há pouco tempo desafiei-o a escrever algo para o blog (tendo em conta o seu contexto) e desse desafio surgiram alguns textos que irei partilhando convosco.

 

Numa das nossas várias conversas surgiu este tema, sobre o qual o mesmo decidiu falar no seu primeiro texto, que partilho já de seguida, convosco.

 

 

Normalmente, a gestação é encarada com um período especial na vida da mulher e é dada uma atenção mais cuidada às suas condições. Até aqui tudo bem, mas é de assinalar que este processo não está desligado do resto da vida que levam, até ao momento, as pessoas envolvidas. O que se pretende destacar é que a gestação de qualquer mulher não é um período isolado. Interessam os antecedentes, assim como não podemos ignorar o que se vai passar posteriormente, isto é após o nascimento da criança. Mas vamos reflectir sobre a preparação.

O que interessa destacar é que nada acontece de repente e que esse acontecimento – o nascimento de um ser humano – é preparado muito antes

Alguns desses factos passam-se, normalmente, sem a gestante lhes dar relevância. Na nossa sociedade actual, a gravidez centra-se nas condições exteriores da gestante. A preocupação é, sobretudo, se a mulher possui os meios materiais para dar à luz um ser saudável.

 

Ora acontece que não é assim. Sendo importante proporcionar o melhor ao ser humano que irá nascer, muitas vezes são secundarizados aspectos relevantes que nos falam das condições internas vividas pela mulher. Por exemplo, os estados emocionais da mãe, o que ela pensa, por vezes o que ela faz em seu próprio proveito e não do ser que tem dentro dela. Torna-se muito difícil levar uma mãe a prescindir dos vícios que adquiriu ao longo da sua existência, quando já está grávida. De certo modo, já é tarde, porque mesmo que ela se abstenha de alguns comportamentos, retomá-los-á mais tarde e, no que lhe diz respeito, tudo continuará igual. O filho não deixará de observar esses actos. Portanto, gravidez e educação são indissociáveis e devem ser vistas como uma oportunidade que temos para alterar positivamente algo na nossa maneira de ser, referente a todos os envolvidos: pai, mãe e restantes familiares e amigos.

A gestação pode ser encarada, também, como um enorme contributo à sociedade e não apenas como um acontecimento pessoal ou familiar. A mãe está a ajudar a criar um ser que, futuramente, se tornará num membro pleno da sociedade, que é de todos. Como tal, não é apenas o bem-estar da gestante que está em jogo,  mas o  das pessoas em geral. De certo modo, o ser que aí vem não é apenas dos pais, mas de toda sociedade, por isso esta também deverá proporcionar as condições propícias à gestação.

 

Como vemos, tudo se centra na nossa consciência. Enquanto a gravidez for encarada como um acto mais individual e não como um contributo fundamental para todos, a nossa sociedade tenderá a manter-se individualista.

É certo que a criança nasce de uma acção individual de ambos os pais e que a interferência social na sua educação tem limites, mas é um erro considera-la um exclusivo de quem a fez nascer. O ser humano é um ser social e pensá-lo e educá-lo não tendo em conta esse factor pode conduzi-lo a um egoísmo muito grande. 

 

 

José Mendes