A Depressão Pós-Parto não é uma miragem! - Artigo publicado na plataforma Maria Capaz.
E que quando quiserem, podem consultá-lo aqui ou lê-lo de seguida:
Nos dias que correm, ensinam-nos… e aprendemos de tudo!
Ensinam-nos a dar banho a um bebé, as melhores técnicas de amamentação, a agir quando há febre, cólicas, quando o bebé se engasga, entre outras situações. Mesmo antes de tudo isto, ensinam-nos a fazer os melhores exercícios para tonificar a região perineal e para mantermos a forma durante a gravidez. Relatam-nos que urinar com frequência durante este período é comum, assim como ter náuseas, vomitar, ter tonturas, cansaço ou até mesmo azia, se for o caso.
Ensinam-nos que existem vários tipos de partos e que, independentemente do que nos assistir, temos de estar preparadas para os vários cenários.
Ensinam-nos a preparar uma mala adequada para levar para a maternidade e até nos sugerem onde ir buscar os produtos com os preços mais acessíveis e/ou com a melhor qualidade possível para colocar na mesma. Ensinam-nos que cuidados necessitaremos de prestar ao rebento que se prepara para nascer.
Ensinam-nos que a gravidez é a melhor fase da nossa vida e que o momento de ter um filho, por mais dor que provoque, concomitantemente dará origem (em muitos casos) ao apogeu da nossa vida pessoal.
Ensinam-nos a respirar para ter um filho e para lidar com as suas birras depois de nascer.
Mas quem é que nos prepara para o choque psicoafectivo que implica ter um filho? Ou pelo menos, quem tenta? Quem é que nos tenta preparar para as possíveis noites de choro intermitente e angústia constante que poderão vir e passar, ou vir e ficar, nos dias e semanas (ou até meses) que sucedem o parto? Quem é que nos prepara para a possibilidade (mesmo sendo só uma possibilidade) da maternidade nem sempre rimar com felicidade e de haver determinada sintomatologia bastante sugestiva de um mau estar profundo, que vai muito para além de uma simples e (suposta) comum tristeza? Quem, onde, e de que forma, se fala sobre isto e sobre o tema “Saúde Mental Perinatal” no geral?
As famílias ainda se encontram muito fechadas para esta problemática, assim como a sociedade em geral, e muitas mulheres e respetivas famílias acabam por sofrer em silêncio as consequências de uma patologia subdiagnosticada, o que a curto e/ou a longo prazo poderá trazer inúmeras consequências para a mulher, para o bebé e para a família no geral.
Tal como referi inicialmente, ensinam-nos e aprendemos de tudo. No fundo, de tudo o que integra o lado físico. Porque o que se insere no espaço do psicológico, muitas vezes não é tido em conta, chegando mesmo a ser desvalorizado por quem cuida e por quem é cuidado, tornando problemas como a depressão pós-parto, uma suposta miragem, que na verdade, é muito mais real, clara, pesada e comum, do que se pensa (ainda) atualmente.
Ana Vale.
Enfermeira | Formadora| Autora do blog:
http://mulherfilhamae.blogs.sapo.pt/
Mais um passo em direção à divulgação do tema e ao debate dos vários conteúdos que lhe são inerentes!
Ainda há muito por fazer. No entanto, a quantidade de pessoas que o partilharam e comentaram e acima de tudo a quantidade de pessoas que o viu e leu, não só demonstra um pedaço dos casos reais existentes, como atesta o tanto que ainda há por fazer nesta área, especialmente a nível comunitário.
Deixo-vos alguns dos comentários que marquei, e que tal como as Histórias que dão a cara por esta causa, também dão semelhante força ao assunto em questão.
Obrigada, equipa da plataforma Maria Capaz!