A influência da Personalidade na Depressão Perinatal: Temperamento e Caráter.
Tal como referi no primeiro texto desta edição especial sobre a influência da personalidade na Depressão Perinatal:
"A personalidade envolve a totalidade da pessoa e é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa vida fruto da elaboração da nossa história de vida, da forma como nos sentimos, representamos e integramos as nossas experiências."
Contudo, nem sempre as experiências pelas quais passamos são integradas da melhor forma. O que nesta situação, poderá dar origem a desequilíbrios como a Depressão Perinatal.
Dentro da nossa personalidade, existem uma série de traços pelos quais nos guiamos para caracterizar uma determinada pessoa, sendo que o temperamento e o caráter, integram o vasto leque correspondente aos mesmos.
De certo que já ouviram alguém dizer (ou vocês mesmos já o disseram) que aquela pessoa tem um temperamento forte ou um bom caráter, por exemplo. Certo?
Mas o que é que isso quer dizer?
Para alguns autores o temperamento é considerado como a base biológica para a estruturação da personalidade e um dos fatores que influenciam o comportamento, enquanto que a personalidade é um termo mais amplo que inclui outras estruturas importantes além dessas, tais como as estruturas cognitivas, e o auto conceito.
O caráter refere-se aos nossos auto-conceitos que influenciam as nossas intenções e atitudes, e que no fundo se traduz no que fazemos intencionalmente, desenvolvendo-se basicamente através da socialização.
E como é que o temperamento e o caráter podem influenciar o desenvolvimento de uma Depressão Perinatal?
Relativamente ao temperamento, e de acordo com vários estudos que foram feitos dentro da área, as mulheres com depressão pós-parto tinham níveis significativamente mais elevados de evitamento de perigo, apresentavam níveis mais elevados de dúvida antecipatória, maior medo da incerteza, maior timidez, fadiga e menos vigor, comparativamente às mulheres saudáveis no pós-parto.
No que toca ao caráter, as mulheres com depressão pós-parto apresentavam níveis significativamente mais baixos de auto-direcionamento, menos controlo dos impulsos e menos auto-aceitação comparativamente às mulheres saudáveis no pós-parto. Para além disso, também apresentavam níveis mais baixos de cooperação, eram menos tolerantes e empáticas e percecionavam-se como menos úteis. Apresentavam-se como mais esquecidas e tinham um nível mais elevado de aceitação espiritual.
As mulheres saudáveis no pós-parto diferiam das que tinham depressão pós-parto em critérios onde se verificava maior procura da novidade, por terem mais recursos internos e por serem menos esquecidas.