Com quantas pessoas vão para o banho?
Foi uma das perguntas que me mais me marcou num curso de mindfulness que fiz há alguns meses.
Foi daquelas que evidenciou o arregalar dos olhos de 100% da turma com quem fiz o curso, de imediato!
É claro o que se pensa, assim que nos confrontamos com a mesma questão, mas quando o professor começou a descortinar o que a mesma significava na sua essência, e qual a importância de refletirmos sobre o tema, começou, sem dúvida, a fazer todo sentido!
Vivemos vidas atribuladas, onde o número de tarefas que realizamos, e a quantidade de pessoas com quem, muitas vezes nos cruzamos, faz com que o nosso pensamento opere o triplo e flua em vários ciclos sempre com as sinapses aos saltos em encruzilhadas de fulgor.
O tempo para nos sentarmos, refletirmos, e relaxarmos, vivendo só e exclusivamente o presente, parece fácil, mas torna-se um verdadeiro desafio quando o tentamos executar.
Viver o presente, o momento, é difícil para quem corre a mil diariamente. Para quem está a tomar o pequeno-almoço a pensar, não na forma como deglute, ou como o pão e café lhe sabem bem e lhe dão prazer naquele momento, mas no trânsito que vai apanhar, nos filhos que à escola tem de levar, ou no chefe e colegas que a bem ou a mal tem de aturar quando ao trabalho chegar.
Viver o presente é complicado para quem está a trabalhar e sabe que quando do trabalho sair, terá de levar a mãe a uma consulta, o filho à ginástica, ainda tem de ir correr, ou simplesmente o jantar fazer, tendo em conta que com o almoço de amanhã também terá de contar.
Viver o presente, quase que se torna utópico num século cuja grande causa de desenvolvimento de doenças, é o stress. Quase que se torna utópico quando a quantidade de tarefas a executar em 24 horas e o tempo que cada uma delas necessita para ser executada, é superior ao tempo a que um dia equivale.
Viver o presente, quase que se torna utópico, mas não é. Assim como quem quase morreu, ainda está vivo, ou como quem quase viveu, já está morto.
O quase traz-nos tudo o que poderia ter sido e não foi. E não é aí que na realidade nos situamos.
Portanto, esta questão faz todo o sentido.
Com quantas preocupações vão para o banho?
Com quantas tarefas por executar?
Com quantos problemas que ficaram pendentes?
E acima de tudo, com quantas pessoas associadas a todos os anteriores?
Vivemos sempre no que temos de fazer a seguir, mas até que ponto é que isso nos ajuda mais do que nos prejudica?
Viver no presente não é fácil nos dias que correm, mas absolutamente necessário para quem pretende viver uma vida plena e tranquila.
Portanto, porque não tentam ir hoje, amanhã e/ou depois, só convosco e com aquele momento para o banho?
Poderá ser fácil. Mas também poderá ser dificil. E se assim for, reflitam: Porque será?