Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Qui | 04.10.18

Como viver com ansiedade no pós-parto?

Ana Vale

É uma boa questão, a qual respondia, de uma forma geral, com o seguinte: Viverá de uma forma muito mais confortável, se pedir ajuda! 

 

Há poucos dias, notei no motor de pesquisa/relatório mensal do meu blogue, que num dia, 3 pessoas vieram parar ao blogue através desta questão: "Como viver com ansiedade no pós-parto?". 

São várias as formas pelas quais as pessoas acabam por vir parar a várias das páginas em que abordo uma série de questões ligadas à saúde mental perinatal. Muitas delas, tal como esta, fazem-me refletir sobre as opções das pessoas que passam por esta fase com alterações emocionais, muitas sem admitir o que sentem, muitas com receio, talvez algumas em negação, outras que tentam ultrapassar de forma isolada, e  consideram que bastou, etc. Faz-me também recordar muitos dos motivos, já identificados, pelos quais as pessoas teimam em não pedir ajuda nesta fase do ciclo de vida, quando alguma problemática do foro da saúde mental se desenvolve. Acontece que, as nossas emoções precisam de ser expressas, compreendidas, aceites, integradas de alguma forma, para que, cada um possa viver confortavelmente com elas. Se optarem frequentemente por contê-las, então desenganem-se se consideram que as mesmas desaparecerão, porque assim o entendem. Se as contêm, elas ficarão por aí, nesse mesmo lugar, à espera de um caminho, uma permissão, uma possibilidade de serem, pelo menos, expressas. 

 

De acordo com António Damásio, as emoções fornecem automaticamente ao organismo comportamentos orientados para a sobrevivência, sendo que, é a consciência dessas emoções que permite que os sentimentos (algo interno, que não se vê, só a pessoa o sente, ao contrário da emoção, que é algo visível a terceiros) sejam reconhecidos, permitindo assim, o processo de pensamento influenciado pelo sentimento. Por exemplo, eu posso estar apaixonada por alguém (sentimento) e ficar alegre (emoção) quando vejo essa pessoa. O facto de ter consciência dessa alegria, e do sentimento de paixão, influencia o meu comportamento com essa pessoa, e comigo mesma. Da mesma forma, eu posso sentir ansiedade (sentimento) no pós-parto, porque tenho medo (emoção) de ficar sozinha com o meu bebé, ou porque tenho medo de que alguma coisa aconteça ao meu bebé, por exemplo, e isso influenciar o meu comportamento com o meu bebé (por exemplo, não sair à rua, não permitir que outras pessoas cuidem do bebé, etc.), e comigo mesma (estou sempre alerta, com medo que algo lhe aconteça, por exemplo). 

 

Claro que isto são só exemplos. Mas são exemplos comuns, que acontecem com muitas mulheres no pós-parto. 

 

ThinkstockPhotos-505138830.jpg

 

Como tal, se sentes ansiedade neste período, não hesites em pedir ajuda. Fala com um familiar/amigo que tenhas mais confiança, partilha com o teu companheiro(a) se te fizer sentido, procura um profissional de saúde em quem confies, ou fala comigo, por exemplo. Se preferires não falar, para já, porque não escreves num diário o que sentes? 

 

Compreender o que te causa ansiedade, facilitar a sua expressão, dar-lhe significado e arranjar estratégias internas que te permitam lidar com essa ansiedade (entre outras medidas), é fundamental! Muito mais importante, do que "aprender a viver" com ela, sem apoio especializado. A ansiedade no pós-parto é comum, e não precisas de te entregar a ela, como se não houvesse alternativa, porque há! 

 

Contacta-me: 

centro@mulherfilhaemae.pt

(+351) 936 180 928