Há coisas para as quais ninguém nos prepara #2
E depois deste momento, num ping pong de profunda tristeza e ambiguidade mental, e numa fase em que concretamente me percorria um arrepio físico e um assombro mental de que maternidade (definitivamente) nem tudo são rosas, lá continuei eu, a escrever no meu pequeno caderno, transmitindo para o papel o que me varria a alma de uma ponta à outra, se é que se pode delimitar.
06.01.2015 - No Sofá da Sala pelas 15h, depois de uma discussão com ele.
Onde é que eu estou?
Mas afinal, quem é que eu sou?
O que sinto? Não sei. Continuo sem compreender.
Obscuramente dentro de mim, sinto-me vazia, e de certa forma, mais cheia do que nunca. Cheia de um novo amor, cheia de desespero, cheia de vontade de me atirar para bem fundo dentro de mim. O que é que eu faço? - Pergunto, mas ninguém responde. Preciso de um abraço! Afirmo, mas ninguém responde. É triste. É mesmo muito triste esta situação. Mais ainda, é desesperante esta angustia. Porquê? Porquê eu? Porquê agora?
As lágrimas inundam-me os olhos de momento. A mão treme ao escrever e a amplitude da minha respiração, aumenta.
Onde é que eu estou?
Como é que eu faço para isto desaparecer?
O peito dói, a dor corrompe-me o peito e todos os meus músculos estão rijos de tanto me contorcer e chorar. Mas a sério, a sério que eu quero parar! Eu quero sair disto! Contudo, a (in)diferença pela base do nosso amor é a maior das minhas fontes de dor, que vivo de momento. Mas expliquem-me, o que é que eu faço? Para onde vou? Onde estou? Quem sou, afinal? O que é isto que sinto?
As perguntas não param de girar e de me surgir, e urgem de resposta.
Consternada (esta) Vida. Pequeno (o meu) Espírito. Maldita (esta minha) dor.