Há coisas para as quais ninguém nos prepara #3
Alguns dias depois deste momento, aconteceu uma das nossas primeiras discussões decorrentes do momento que vivíamos.
Ele nunca compreenderá o meu lado, assim como eu nunca compreenderei o dele.
Hoje, olho para trás e penso que não sei o que será pior: Estar envolvido por uma nuvem negra que nos consome e nos controla a cada momento que passa, ou ficar a viver ao lado, observando na primeira fila, quem vive absorvido por essa nuvem negra, sem nada, ou praticamente nada poder fazer para o tempo mudar, e voltar a fazer o sol brilhar.
E vocês, conseguem julgar sobre o que será pior?
Pergunto-me se haverá alguém nesta vida com competência ou moralidade para o fazer.
Assim como a senhora que partilhou connosco este testemunho, este meu momento, também grita pelo apoio do companheiro, e o distingue, sem dúvida, como aquele que entre todos, se torna o fundamental, se torna o nosso pilar. Aquele que poderá tornar-se o nosso maior aliado, ou o nosso pior inimigo, consoante este se decidir comportar.
Esta, foi aquela página que escrevi após uma das nossas primeiras discussões derivadas do momento que passava, e que ele, na primeira fila, observava.
10.01.2015 - No Sofá do quarto da Madalena.
Vou tentar explicar-te amor:
Não tem nada a ver com o facto de tu me ajudares, porque tu ajudas-me, a tempo inteiro!
Não tem nada a ver com o facto de eu estar cansada, porque isso é normal e eu já estive muito pior. Tu também estás cansado.
Não tem nada a ver com o facto de estar saturada. Até porque não estou.
Não tem nada a ver com a possibilidade de estar arrependida ou infeliz, porque definitivamente, não estou.
Tem a ver com o facto de me sentir culpada.
Tem a ver com o facto de me sentir abafada pelas circunstâncias.
Tem a ver com o facto de me sentir sufocada pelas pessoas.
Tem a ver com o facto de eu não estar, rigorosamente nada bem comigo mesma, e consequentemente, com o mundo que me rodeia. Local, onde por acaso, tu também te encontras.
Tem simplesmente a ver, com o facto de eu achar que já não sou bem eu, nem sei o que vou ser, quando todos estes pedaços se juntarem e concertarem.
Explico-me ao ponto de te conseguir fazer entender? Nem que seja um pedaço? Nem que seja um ínfimo de sentimento?
Eu sei. É complicado compreender o que não se sente, o que não se lê, ou mesmo o que se vê, mas não se atinge.
Não por burrice. De todo. Mas sim, por ausência de o sentir, no seu todo, ou na soma das suas partes.
Mas olha, ficas a saber, nem que seja pela escrita, que o teu apoio, é estrondosamente fundamental.
Obrigado, pelo menos, por tentares. Mas para mim, ainda não está a ser suficiente.