Hoje, não é um bom dia.
Por isso não me falem.
Não me olhem.
Não.
Hoje, não é um bom dia, mas não entendendo.
A agonia. A dor. O olhar fixo.
Não estou cá.
Hoje, poderia ser, mas não é um bom dia.
Depois de te ter, ninguém diria.
Mas é como me sinto. Só.
Hoje, é um dia igual a tantos outros.
As mesmas rotinas, o mesmo acordar.
Mas estou cansada.
Estou cansada de sorrir, de ter de ser.
Cansada do silêncio que ninguém repara.
Cansada de estar e de ter de corresponder.
Hoje, estou cansada e só.
E, no entanto, todos os dias acompanhada.
Ninguém me vê, eu não me vejo.
Hoje, não é um bom dia, mas amanhã, poderá ser melhor.
Talvez. Mas vou sem expectativa.
Prefiro conservar a agonia à dor acrescida da desilusão.
Hoje, não é um bom dia.
Esta dor teima em ser sentida.
E eu, confusa, não sei o que fazer.
Hoje, não é um bom dia.
Olho para ti. Mas só este olhar de te ter, não me traz a alegria precisa.
Preciso de me olhar para me encontrar e não sei como o fazer.
Hoje, não é um bom dia.
E isso também contribui, para assim, não o ser.
Será que algum dia terei essa alegria do prazer de de ter?
Não sei.
Ficará a questão para mais tarde responder.