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Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Qui | 07.04.16

Movimento Depressão Pós-Parto - Testemunho #1

Ana Vale

Ontem lancei este Movimento - "O que é que tu sabes sobre Depressão Pós-Parto?" 

 

Já aderiram?

 

Uma das nossas leitoras já!

 

O que ela sabe sobre a Depressão Pós-Parto está relacionado com a sua experiência pessoal sobre o tema. 

Viver este tipo de realidade é uma situação bastante complexa que necessita de intervenção de profissionais especializados na área.

É comum que a mulher sinta uma grande pressão psicológica e social após o parto. Não é só a chegada de um novo membro da família e tudo o que essa nova e complexa realidade envolve, mas é também toda a adaptação do casal a essa nova realidade, assim como a adaptação da mulher a si mesma e a todas as experiências biopsicossociais que integra e que se vão desenvolvendo e maturando em si enquanto Mulher, Filha e Mãe, todos os dias, dia após dia.

Relembro-vos que Baby Blues ou Blues pós-parto e Depressão Pós-Parto são duas condições diferentes. Diferem em muito e é muito importante ter isto em conta para compreendermos o que se passa connosco, ou com terceiros, mas acima de tudo, é muito importante pois se o que sentimos perdura mais do que é 'suposto', então devemos procurar ajuda especializada para nos orientar na resolução do problema que vivemos.  

Já escrevi sobre essa diferença no seguinte artigo: 

Baby blues e Depressão Pós-parto: Duas realidades (muito) diferentes.

 

Deixo-vos de seguida com a partilha da nossa leitora sobre o que sabe sobre Depressão Pós-Parto:

 

o que é que tu sabes sobre dpp.jpg

 

 

A gravidez ….correu bem, posso dizer-lho assim. Apesar de ser de risco a partir das 26 semanas desenvolveu-se sem problemas até ás 37.
Depois… depois nasceu um bebé. O parto correu bem, sem qualquer problemas, com poucas horas. Das 03:00 as 11:15… ate aqui tudo bem…
Depois… cada vez que olhava para aquele ser precioso, pequenino, indefeso, sentia-me impotente, incapaz, mal preparada para a responsabilidade que assumi - ser mãe. tinha 33 anos de idade, foi há pouco mais de um ano.
mas sinto que o baby blues ainda não passou, por vezes sinto-me num abismo. parece que tudo vai desabar.
no inicio pensava…agora já não sou só eu, este ser precisa de mim para tudo… não posso falhar, não posso errar. Agora sinto que se eu não estiver ninguém está, os horários são apenas ajustados por mim. Muitas vezes peço ao marido que me ajude nas tarefas diárias, mas já pedi tanta vez….Quando peço estou de tal forma desorganizada que sinto que tudo me escapa entre os dedos.
 Com uma criança para cuidar o tempo… ahhh o tempo… voa. Quando se dá conta passou duas horas e olhamos e nada feito… tudo igual, se estava desarrumado, desarrumado continua, o jantar continua por fazer.
Sempre me consegui organizar em termos de tempo, sou metódica, mas organizada, mas com uma criança não consigo, e pior é que não me habituo a que as tarefas não sejam feitas. Há já algumas tarefas domésticas que deixei de fazer mas mesmo assim… o tempo voa…
Para além de tudo isso há algo que agrava este mal estar… o facto do marido se manter descontraído, e nem sequer pensar que temos uma criança em casa. Não vê os perigos ao redor, ai sinto tudo… tudo em cima de mim… e se já não aguentou o pensamento ‘’não posso falhar’’, ai descamba tudo… Porque tenho duas crianças em casa, uma que não sabe o que faz e outra que devia cuidar da inocente e não se lembra, esquece-se de olhar em volta e ver os perigos…
Voltando atrás, ao pós parto imediato, houve ainda a dificuldade na implementação da amamentação, infrutíferas… Embora na minha mente amamentar é maminha… não fui capaz. Essa realidade é muito dura ainda na minha mente. E não fui capaz, porque não consegui organizar o meu tempo, e por consequência a minha mente. Havia sempre algo para fazer, o bebé precisava de horas para mamar, e não tive ninguém que me auxiliasse nas tarefas diariamente.
Quando nasceu cilho sentimos que não podemos falhar, a conjuntura económica familiar é muito importante pelo menos para garantirmos o essencial (alimentação, saúde, educação) e temos medo de perder o nosso trabalho, e nesta altura e ainda mais necessário, não podemos falhar (a nossa mente diz isto a todo o instante ). Então enquanto o marido trabalhava eu estava em casa com a bebe ( durante o período da licença), longe da família, por vivemos a 300km de distância. Era eu… eu que mudava a fralda, eu que fazia o almoço, eu que queria amamentar mas ela não pegava, eu que insistia e ela não pegava, eu que queria mas ela não. Eu que queria manter a casa limpa e arrumada, ter o jantar pronto quando o marido chegava as 20:30 depois de sair as 8:00 ou as vezes mais cedo… eu que muitas vezes nem ao WC conseguia ir, porque o bebe precisa de mim, vou aguentar…. Ficamos em segundo plano, enquanto aguentamos e na esperança que não e depressão , isto vai voltar ao sitio…. Vamos habituarmos uns aos outros e tudo volta a normalidade, mas vezes …. As vezes tudo desaba…. Porque ainda não consigo tomar conta de tudo sozinha, porque o pai também existe, e deve estar atento quando a mãe não esta por algum motivo, seja ele qual for…
De outro modo penso e continuo a pensar… não posso falhar!
 
isto e o que sinto neste pós parto com pouco mais de um ano…..

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