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Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Mulher, Filha e Mãe

Porque a saúde mental na gravidez e no pós-parto importa!

Sab | 06.05.17

Consulta de enfermagem em saúde mental perinatal: no que consiste?

Ana Vale

Segundo a DGS (2005), no período perinatal, mais precisamente na gravidez e no pós-parto, a mãe adquire uma nova identidade: deixa de ser só uma mulher, uma filha dos seus pais, passando também a ser a mãe do seu próprio bebé. Esta caracteriza-se por ser uma mudança que exige uma aprendizagem e uma forte preparação psicológica, tornando este período, muito exigente a nível psicossocial (1).

 

Como tal, não admira que de acordo com Macedo & Pereira (2014) o risco de uma mulher ser admitida num serviço de psiquiatria, devido a qualquer tipo de perturbação mental, seja mais elevado nos primeiros 12 meses após o parto do que em qualquer outro momento da sua vida (2).

 

A consulta de enfermagem em saúde mental perinatal vem ajudar as mulheres a prevenirem o desenvolvimento de doença mental perinatal e a promover a saúde mental perinatal, facilitando a transição das mulheres para a maternidade e ajudando-as a desenvolver mais confiança no desempenho do seu papel materno. 

 

De uma forma geral, a consulta de enfermagem de saúde mental perinatal, objetiva

  • Promover o bem-estar emocional da mulher/família;
  • Ajudar a mulher/família a lidar com/gerir as várias atividades do dia-a-dia após o nascimento do bebé, ao longo do período perinatal e no regresso ao trabalho; 
  • Empoderar as mulheres/famílias na gravidez e pós-parto;​
  • Facilitar a transição para a maternidade/paternidade; 
  • Desenvolver mais confiança e segurança no papel materno/paterno; 
  • ​Facilitar o encontro de forças* que permitirão o desempenho do papel materno e a transição para a maternidade.

*forças são as qualidades especiais e únicas da pessoa ou família, que determinam o que a pessoa é capaz de fazer e em quem se poderá tornar. São as capacidades que permitem que uma pessoa lide com os desafios da vida, com as incertezas, e contribuem para a capacidade de a pessoa se recuperar, retomar e refazer-se de todos os tipos de agressões e superar as adversidades, assim como, para atingir os seus objetivos, aproveitar ao máximo a vida e facilitar a recuperação e a cura. (3)

 

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Quando há um desequilíbrio emocional na gravidez e/ou no pós-parto, a mulher, o companheiro (a), ou ambos, podem passar por algumas alterações emocionais, podendo sentir, maior preocupação, ansiedade, irritabilidade, tristeza, insónia, falta/excesso de apetite, perda de energia física e emocional, perda de confiança e autoestima, diminuição da capacidade de concentração, vontade de se isolar(em), estar obsessivamente focada(o) no bebé e na sua segurança e higiene (por exemplo), ou o oposto, sentir(em) medo de estar(em) sozinha(os) com o bebé e/ou de cuidar(em) dele, sentir culpa por considerar que não é boa mãe/pai o suficiente, entre outros.

 

Passar pelas emoções acima identificadas poderá ser naturalmente decorrente do momento presente afeto à transição para a maternidade/paternidade, contudo, quando se torna numa constante, dia após dia, e quando traz dor emocional associada, poderá ser difícil lidar com esta realidade, acentuando as dúvidas, medos e inseguranças subjacentes.

 

A consulta de enfermagem de saúde mental perinatal ajuda as mulheres/famílias a identificarem e lidarem com estas emoções, dúvidas, inseguranças, enquanto vão surgindo os desafios/tarefas do dia-a-dia da gravidez e pós-parto, assim como, permite-lhes a criação de um espaço propício para a partilha com um profissional qualificado e experiente na área, que possa dar significado às vivências partilhadas, e traçar um plano conjunto de trabalho a curto, médio e/ou longo prazo, consoante as necessidades de cada pessoa. 

 

Quem é que pode beneficiar desta consulta? 

  • Mulheres grávidas e no pós-parto que se sintam ansiosas, tristes, irritadas, com choro fácil, tendencialmente isoladas, com insónias frequentes, alterações de
    peso/apetite, etc.;
  • Mulheres que não conseguem lidar com o choro/comportamentos do bebé;
  • Mulheres que se sentem pouco apoiadas pela sua rede (companheiro, família, amigos, etc.) e que não se sentem socialmente enquadradas no período perinatal , nem saisfeitas com as providências de vida; 
  • Mulheres com dificuldade em estabelecer metas realistas, com sensação de não se sentirem "boas mães o suficiente" ;
  • Mulheres que não têm otimismo no presente/futuro com clara implicação para desenvolvimento de sentimentos de desesperança;
  • Mulheres com dificuldade em lidar/aceitar com o processo de gravidez, com o bebé e com o desenvolvimento do seu papel materno;
  • Mulheres/companheiros/famílias com questões diversas sobre o período perinatal e com vontade de preparar de forma tranquila a gravidez e o pós-parto.

 

Marcações/informações: 

mulherfilhamae@gmail.com

(+351) 92 682 82 02

@enfermeiravaiacasa

 

(1) Direcção-Geral da Saúde (DGS) (2005). Promoção da Saúde Mental na Gravidez e Primeira Infância: Manual de orientação para profissionais de saúde. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde.

(2) Macedo, A.F. & Pereira, A. T. (Coords) (2014). Saúde Mental Perinatal: Maternidade nem sempre rima com felicidade. Lousã: Lidel.

(3) Gottlieb, L. N. (2016). O Cuidar em Enfermagem Baseado nas Forças: Saúde e Cura para a pessoa e família. Loures: Lusodidacta.