Quais as implicações do stress na gravidez e no pós-parto?
Motivos que nos levam a sentir stress com frequência provavelmente não nos faltam nos dias que correm, e falar em stress torna-se cada vez mais, um lugar comum. Contudo, há que ter em conta que lhe estão inerentes, uma série de pensamentos e emoções associados, assim como claras consequências, especialmente quando o stress é vivenciado de forma intensa por uma grávida ou por uma mulher que acabou de ter um filho.
A maternidade pode colocar a mulher em risco de desenvolver doenças do foro mental, como temos vindo a debater e desenvolver aqui, e muitos são os fatores que influenciam o aparecimento de dificuldades psicológicas na gravidez e no pós-parto, em particular perturbações da ansiedade, depressão e stress.
De acordo com o Psicólogo Eduardo Sá*, um dos fatores que tem maior interferência na relação de vínculo entre a mãe e o feto é o stress, sendo considerado como um fator determinante no sofrimento fetal.
Para além do sofrimento fetal, o atraso na realização de determinados marcos do desenvolvimento, o aumento da incidência de reações alérgicas e perturbações comportamentais nas crianças, o aumento da probabilidade de ocorrência de parto prematuro e o baixo peso ao nascer são muitas das consequências que podem advir da vivência de stress por parte da mulher, durante a gravidez.
Quando o stress sentido pela mulher, se alia ao baixo suporte do companheiro e restante família e amigos/pessoas significativas, aumenta em três vezes mais a probabilidade de uma mulher ter complicações durante a gravidez quando comparado com as mulheres que relatam ter/sentir esse tipo de suporte. Para além disso, as mulheres que sentem maior stress durante e após a gravidez, têm maior probabilidade de vir a desenvolver uma depressão pós-parto, principalmente se acompanhadas de acontecimentos adversos de vida.
No fundo, o que se tem verificado é que a forma como as mães avaliam e atribuem significado aos acontecimentos de vida poderá ser indutor de stress, e mães com maior stress são menos positivas nas suas atitudes e comportamentos, enquanto que mães com maior apoio são significativamente mais positivas.
O apoio social modera os efeitos adversos do stress sobre a satisfação de vida da mãe e evidencia efeitos significativos sobre a forma como a criança poderá vir a interagir, demonstrando nitidamente que o stress pré-natal percebido pela mãe, é responsável por resultados negativos durante a gestação, no pós-parto e posteriormente, poderá vir a ter efeitos menos positivos ao longo da vida da criança.
*Sá, E. (2004) A maternidade e o bebé. Lisboa: Edições Fim de Século.
**Fonte do presente artigo