Uma Gata e uma bebé: Só podia haver uma história com um percurso feliz!
A Kittie é a nossa gata, da qual já falei um pouco neste post.
Muito meiga, bastante sociável e com uma personalidade muito vincada, apaga claramente muitos dos conceitos pré-concebidos em relação a qualquer felino, no geral.
Esta, é a Kittie!
Antes de eu chegar à vida do meu marido, ela já vivia com ele. Mas a questão é que ela não viva só com ele. Observei que ambos, ao longo de quase dez anos, tinham vindo a construir um vínculo afetivo tão grande, uma verdadeira relação de amizade e companheirismo entre um Homem e um animal. Algo que sinceramente, eu nunca tinha presenciado.
O meu marido chega a casa, ela já está no hall de entrada à sua espera (deitada) para ele lhe poder fazer de imediato as festas que tanto gosta e dar-lhe os mimos que tanto quer. Se o meu marido vai para a mesa, jantar, trabalhar, ou fazer qualquer outra coisa, ela tem de estar deitada, em cima da mesa junto dele. Se o meu marido está a tratar das plantas, ela tem de andar com ele... se o meu marido a chama, ela vai. Comigo também é (quase) assim.
Mas calma que também refila quando acha que algo não está do seu agrado! E acreditem que no seu miar é tão claramente percetível o seu estado de humor, que é difícil acreditar (ou pelo menos era difícil de acreditar para mim que não estava muito desperta para o mundo animal, até conhecer a nossa Kittie).
O Dono favorito a cortar-lhe as unhas (nem se mexe!)
Adora receber festas e mimos!
E como tem de estar sempre perto de nós, se alguém está a trabalhar ao computador, ela tem de estar por perto.
A Kittie sempre aceitou bem a minha vinda cá para casa e sempre foi igualmente meiga comigo, mas quando eu fiquei grávida, confesso que tive algum receio, no inicio, quando pensava como seria quando a Madalena nascesse.
Pensava que a Kittie já cá estava há quase 10 anos, que estava habituada a ter a atenção toda para ela (muita atenção!), e acima de tudo, estava muito habituada ao sossego que nos envolve por aqui.
Muitas vezes pensei e partilhei com o meu marido: E como será quando a Madalena desatar a chorar?! Ou como será simplesmente por haver um novo ser cá em casa, um bebé?! E quando esse bebé começar a agarrar-lhe o rabo com toda a força?! Andar a gatinhar e/ou andar a correr atrás dela?! Como é que a Kittie irá reagir?!
O meu marido sempre me tranquilizou, transmitindo-me a certeza que ambas iriam ter uma ótima relação, pois a Madalena faria parte do seu espaço, assim como eu fiz, assim como ele fez. Faria parte da Família. Da sua Família.
Nem sei como legendar esta foto, mas acho que diz tudo. Ainda não estava grávida aqui.
Um daqueles dias em que acordo (nota-se que acabei de acordar, certo?) com uma vontade gigante de a apertar. Aqui estava grávida de 21 semanas.
A Kittie com a pata na minha barriga (Grávida de 33 semanas) enquanto eu lhe fazia festas.
Quando a Madalena nasceu e ainda antes de chegar a casa, trouxemos algumas roupas dela para a Kittie cheirar, fomos trazendo alguns objetos para o quarto da Madalena (que antes era um escritório onde a Kittie estava muitas vezes...) para ela se habituar, e no dia que a Madalena chegou a casa, foi tudo muito estranho para a Kittie!
O que eu e o meu marido sentimos é que ela compreendeu/sentiu que a Madalena era muito importante para nós, e durante cerca de três dias após a nossa chegada a casa, andou mais distante (não sabemos se por receio de uma qualquer nossa reação, ou por sentir que agora a nossa atenção estava mais focada na Madalena...). Não se deitava perto de nós assim que íamos para o sofá, não se deitava tanto no chão para lhe fazermos festas, nem apelava tanto à nossa atenção, especialmente se a Madalena estivesse por perto. Cheirava muito tudo o que pertencia à Madalena e tentava sempre dormir no seu ovinho, na sua cama, junto das suas mantas, etc.. Aliás, várias foram as vezes que a encontrámos a dormir na cama da Madalena quando ela não estava lá (Confesso que ficava furiosa!!!).
A Kittie a dormir na cadeira da Madalena.
A Kittie (apanhada!) a dormir no ovinho da Madalena (Só por curiosidade: um dia antes da Madalena nascer...)
Para além disso fazia-lhe muita confusão o seu choro. Ficava assustada e aproximava-se da Madalena, nitidamente, com muito receio. Mas quando isso acontecia, o David, que é a pessoa em quem mais confia, pegava nela e colocava-a perto da Madalena para ela a cheirar. Isso ajudou imenso! Se ela demonstrasse que não queria cheirar mais, nós não insistíamos. Mas se ela quisesse, nós deixávamos que continuasse lá! Para além disso quando a Madalena estava a comer, ou simplesmente ao nosso colo e se a Kittie quisesse estar junto de nós, fazíamos questão que assim fosse. Assim, passadas pouco mais de duas semanas a Kittie já estava completamente à vontade não só com o choro da Madalena, como com os seus objetos e presença na sua casa (Sim, porque antes de cá estar eu e a Madalena, a casa já era da Kittie!)
Onde a Kittie gostava de estar sempre que estávamos no sofá com a Madalena ao colo.
Digam lá que não ficam uma delícia? Aqui a Madalena tinha 2 meses e muitas vezes apanháva-mos a Kittie assim. Sentada num banco, perto dela.
Hoje, passados 7 meses desde que a Madalena nasceu (7 meses?!Já?!?!), muito a relação de ambas tem evoluído!
Digamos que, a Madalena VENERA a Kittie. Qualquer coisa pode acontecer, mas se a Kittie está presente, para ela, está tudo bem!
Até pêlos já lhe arrancou, até o rabo já lhe puxou, mas está tudo bem! Para uma e para outra.
A Madalena está a chorar, mas se vê a Kittie, pára e começa a sorrir.
A Madalena está com a birra, mas se vê a Kittie, pára, sorri e tenta chegar perto dela.
A Madalena está irritada, mas se vê a Kittie, todo o seu mundo muda de cor, e o seu comportamento fica fluorescente!
A Kittie já o percebeu, e como tal, quando a Madalena está a brincar, a Kittie na maior parte das vezes está perto dela, tendo inclusive já partilhado algumas brincadeiras juntas (e se não acreditam eu vou mostrar-vos já de seguida!).
Quando a Madalena chora, a kittie opta na maior parte das vezes por não estar por perto, mas se ela chora mais alto, ou de forma mais "sofrida" (porque se aleijou por exemplo) a Kittie vai logo ver o que se passa!
Aliás, quando alguém pegava na Madalena nos primeiros meses, a Kittie fazia questão de estar sempre por perto e ficava a observar.
Cara habitual da Madalena quando vê a Kittie.
Uma tarde de brincadeira a três.
A Madalena adora a Kittie e a Kittie está confortável com a Madalena, assim como está comigo e com o meu marido, porque sabe que nós, somos a sua Família. Sabe que nós a amamos, a cuidamos e respeitamos tal como ela é.
O meu marido criou e cuidou da Kittie desde que ela nasceu até hoje.
Eu tive de aprender a lidar com a Kittie quando cá cheguei e ela também me tem ensinado muito!
A Madalena também terá de aprender a lidar com ela, e eu tenho a certeza que ambas vão ensinar e aprender muito uma a/com a outra. Uma como se lida com crianças e a outra como se lida com animais.
Todas as crianças deviam passar pela experiência de terem animais, e eu tenho a certeza que tal, não só traz benefícios a longo prazo no que toca à saúde no geral para as crianças que crescem com eles, como aprendem muito sobre partilha, amizade, amor e acima de tudo RESPEITO, não só pelos animais irracionais, como pelos racionais também.
É muito triste ver que centenas de animais são abandonados e maltratados todos os anos por quem os devia cuidar, devido a razões que a própria razão desconhece!
Não o façam. Não o permitam. Pensem MUITO BEM antes de agir. Os animais merecem tanto respeito como qualquer ser humano.
E se têm crianças, lembrem-se que o percurso de uma criança junto de um animal cuidado e respeitado, só pode mesmo ser um percurso feliz!
E vocês, têm alguma experiência com animais e crianças que queiram partilhar?!